quinta-feira, 18 de junho de 2015

À ESPERA DA TROVOADA

(Parte #1)
 À saída de casa, recebeu-me a manhã fria com pingos de chuva
Sim, chuva, mole, preguiçosa, mas chuva
Silencio doentio, como de quem espera a desgraça
Pouco barulho, sem vento, sem movimento, sem ar, um sufoco

Não tenho ninguém
Ninguém para falar, ninguém para chatear, ninguém para confrontar
Comboio linha de Cascais
Ninguém para amar? Isso já são assuntos pessoais
Não gosto de misturas
Mistura fina, café borra
Mistura grossa, conversa inconveniente

Mild blend, disto sabem os ingleses
Mistura de gin e chã, à moda das tias do Porto
Uma tarde como outra qualquer no Petúlia
14:30

….
(Parte #2)
Nem barulho de Rumba, nem Fado enrolado
Tão pouco o Pimba e nada de Brasil
Cornetas caladas,
Altifalantes mudos
Carretas com pingos de peixe podre

Estou em crer que as imagens da festa
Rija, em Alfama, são do tempo de Salazar
Coloridas à pressa nos estúdios do Lumiar

Sardinha espanhola? Sardinha portuguesa?
Certificado de residência?
Sou das finanças, ó seu peixe gordo e azul!!!

Quem mandou nadar aqui?
"...O mar é teu?
As caravelas são tuas?
Que tens nada a ver com isto, Adamastor?..."

15:00