sábado, 18 de fevereiro de 2017

A Revolução como alavanca de segurança do capitalismo

A Revolução como alavanca de segurança do capitalismo
A palavra “revolução” está esvaziada de significado. Não passa de uma quimera, é uma promessa ilusória que funciona como limite ao capitalismo. Isto não significa que a palavra não tenha significado restrito, ou seja, uma alteração substancial de circunstâncias anteriormente conhecidas pode continuar a ser uma revolução, este significado subsidiário persiste, o que penso é que deixou de existir uma ideia de revolução ideológica, que eleva os seres humanos a um estado equilibrado de igualdade de oportunidades e onde a tirania a apropriação ilegítima é residual ou não existem de todo. 

A revolução transformou-se apenas na assimptota móvel, que estica com a evolução e propagação do capitalismo mercantil. Este esticar deve-se a muitas promessas de revoluções, e a “revoluções” fracassadas (quebras constitucionais), que ocorreram já depois da obra Pigs Revolution de George Orwell, sendo que quem as liderou ou se propôs a liderar, ou não leu ou então nada aprendeu. 

Aos audazes que a pretendam, a ideia de revolução promete apenas um possível “reset” social, uma quebra de estrutura, um começar de novo; acresce que o facto da revolução ser localizada e não global, parte da apropriação de ganho social que devia distribuir após o esticar da assimptota, já está a salvo das boas intenções revolucionárias. Com o passar do tempo, a ação da natureza humana e a sua ganância criará novas injustiças, muitos dos que lucravam do antigo sistema voltam a lucrar com o “novo”, e o processo retoma seu curso até a uma maturação e a uma nova promessa de revolução. 

Desta forma, atualmente a “revolução” não é mais que do que o atingir de um limite de injustiça incomportável socialmente, que destrói a arquitetura social e o status quo, e que, sem uma promessa e um ideal a cumprir, é apenas uma cavilha de segurança do capitalismo para que este se perpetue ao longo dos tempos.

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