A formiga
Esta história não é uma história sobre
a moralidade da formiga sobre a cigarra.
Há uns dias estava a tomar o meu
rico pequeno-almoço moderno, não interessa descrever o que comia mas interessa
escrever que não quero descrever isso, quando surge uma formiga solitária a
caminhar em cima da mesa, essa formiga vagueava sem direção, como se procurasse
algo. Olhei para ela e vi um astronauta a explorar um espaço novo, à procura
de algo útil, depois vi o Colombo e outros tantos exploradores de novos mundos.
Imaginei que aquele ser era um dos forçados da colónia de formigas, enviada para o inóspito à procura de salvação, para ela e talvez também para a colónia inteira.
Cerquei a formiga com as minhas
mãos e obriguei-a a caminhar sobre elas, depois pensei em atira-la pela
janela, em termos relativos seria quase como lhe oferecer uma viagem
intergaláctica não desejada, refleti sobre as consequências e desisti, ficou
viva.
Um dia depois, para minha
felicidade, a formiga continuava viva. Voltou à hora do pequeno-almoço, nesse
dia quase que a obriguei a entrar para o frasco das bolachas que parecem de
chocolate, sabem a chocolate, mas não tem açúcar nem gluten, não o fiz. Era um
castigo sádico, seria como enviar um mártir do ISIS para um paraíso onde no
lugar das 72 virgens estivessem 70 Bettys Grafstein e duas Manuelas Moura Guedes.
Dois dias depois, à mesma hora,
apareceram três formigas, como este chegar de reforços me pareceu um confirmar por
superiores hierárquicos da colónia de terreno a invadir, atirei as três pela
janela e não as voltei a ver.
Sem comentários:
Enviar um comentário