segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A formiga

A formiga

Esta história não é uma história sobre a moralidade da formiga sobre a cigarra.
Há uns dias estava a tomar o meu rico pequeno-almoço moderno, não interessa descrever o que comia mas interessa escrever que não quero descrever isso, quando surge uma formiga solitária a caminhar em cima da mesa, essa formiga vagueava sem direção, como se procurasse algo. Olhei para ela e vi um astronauta a explorar um espaço novo, à procura de algo útil, depois vi o Colombo e outros tantos exploradores de novos mundos. Imaginei que aquele ser era um dos forçados da colónia de formigas, enviada para o inóspito à procura de salvação, para ela e talvez também para a colónia inteira.
Cerquei a formiga com as minhas mãos e obriguei-a a caminhar sobre elas, depois pensei em atira-la pela janela, em termos relativos seria quase como lhe oferecer uma viagem intergaláctica não desejada, refleti sobre as consequências e desisti, ficou viva.
Um dia depois, para minha felicidade, a formiga continuava viva. Voltou à hora do pequeno-almoço, nesse dia quase que a obriguei a entrar para o frasco das bolachas que parecem de chocolate, sabem a chocolate, mas não tem açúcar nem gluten, não o fiz. Era um castigo sádico, seria como enviar um mártir do ISIS para um paraíso onde no lugar das 72 virgens estivessem 70  Bettys Grafstein e duas Manuelas Moura Guedes.

Dois dias depois, à mesma hora, apareceram três formigas, como este chegar de reforços me pareceu um confirmar por superiores hierárquicos da colónia de terreno a invadir, atirei as três pela janela e não as voltei a ver.

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