segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Uma viagem de metro não usual

Uma viagem de metro não usual

Foi numa sexta-feira, ou sábado, pois não tenho a certeza se já passava da meia-noite, tinha por missão apanhar o metro na estação do colégio militar. Entrei na estação e algo me traz uma sensação que até ao Rato vou ter a viagem interessante.
Quando chego à plataforma vejo um lugar e sento-me, faltam 8 minutos, de seguida um indivíduo carregado de sacos de compras do primark pergunta-me se se pode sentar ao meu lado, fico surpreso, respondi afirmativamente pois o lugar estava livre, depois pergunta-me a que horas é que o metro encerra, percebo que é novo na cidade, está ansioso, estala os dedos e rói as unhas enquanto faço um esforço para me abstrair de tais atividades. À medida que o tempo passa a plataforma vai enchendo, uma mistura de foliões tardios e trabalhadores nótivagos.
Entretanto chega o metro, consigo arranjar lugar, à minha frente sentam-se duas belas mulheres, que aparentemente não se conhecem, comungam de vários extravagâncias, entre os  quais a maquiagem, o tamanho e cores das unhas, os decotes e os saltos. Penso em várias cenários para as extravagâncias, entre as quais o facto de ainda não ter acesso às melhores festas da cidade. Ao meu lado dois miúdos com uma garrafa de vinho em riste, vão bebendo, ouvem rap e acompanham com a reprodução de sons como se fossem uma beat box, um faz esforço para cantar com um sotaque afro-português, mas com pouco sucesso. Não tem a certeza de onde devem sair, querem ir para o Bairro Alto, contudo dizem que só se conseguem orientar se saírem em direção ao McDonalds. Do outro lado da carruagem viajavam uns quantos foliões mais barulhentos, a palavra que ouvi mais vezes foi “selfie”, não me interessou ver a cara dos tipos, só se destacava a voz de uma rapariga em êxtase, como se aquela viagem a estivesse a levar para a felicidade eterna.

As estações vão passando lentamente, durante o percurso chego à conclusão que viajar de metro aquela hora é mais interessante, há uma mais vasta variedade de utilizadores que fogem ao padrão comum, são mais descontraídos e genuínos, e não apenas zombies sociais a gastar a vida entre casa e o trabalho. 

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