Uma viagem de metro não usual
Foi numa sexta-feira, ou sábado,
pois não tenho a certeza se já passava da meia-noite, tinha por missão apanhar
o metro na estação do colégio militar. Entrei na estação e algo me traz uma
sensação que até ao Rato vou ter a viagem interessante.
Quando chego à plataforma vejo um
lugar e sento-me, faltam 8 minutos, de seguida um indivíduo carregado de sacos
de compras do primark pergunta-me se se pode sentar ao meu lado, fico surpreso,
respondi afirmativamente pois o lugar estava livre, depois pergunta-me a que
horas é que o metro encerra, percebo que é novo na cidade, está ansioso, estala
os dedos e rói as unhas enquanto faço um esforço para me
abstrair de tais atividades. À medida que o tempo passa a plataforma vai enchendo, uma mistura de
foliões tardios e trabalhadores nótivagos.
Entretanto chega o metro, consigo
arranjar lugar, à minha frente sentam-se duas belas mulheres, que aparentemente
não se conhecem, comungam de vários extravagâncias, entre os quais a maquiagem, o tamanho e cores das
unhas, os decotes e os saltos. Penso em várias cenários para as extravagâncias,
entre as quais o facto de ainda não ter acesso às melhores festas da cidade. Ao
meu lado dois miúdos com uma garrafa de vinho em riste, vão bebendo, ouvem rap
e acompanham com a reprodução de sons como se fossem uma beat box, um faz
esforço para cantar com um sotaque afro-português, mas com pouco sucesso. Não
tem a certeza de onde devem sair, querem ir para o Bairro Alto, contudo dizem
que só se conseguem orientar se saírem em direção ao McDonalds. Do outro lado
da carruagem viajavam uns quantos foliões mais barulhentos, a palavra que ouvi
mais vezes foi “selfie”, não me interessou ver a cara dos tipos, só se destacava
a voz de uma rapariga em êxtase, como se aquela viagem a estivesse a levar para
a felicidade eterna.
As estações vão passando
lentamente, durante o percurso chego à conclusão que viajar de metro aquela
hora é mais interessante, há uma mais vasta variedade de utilizadores que fogem
ao padrão comum, são mais descontraídos e genuínos, e não apenas zombies sociais a gastar a vida entre casa e o trabalho.
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